Sem apoio e criticado Damião ficará só até o final do mês

Em concorrida entrevista coletiva, nesta sexta-feira, no Estádio "Alfredo de Castilho", o presidente do Noroeste, Damião Garcia, entre o vice João Carlos Bidu de Almeida, à esquerda, e o presidente do Conselho Deliberativo, Francisco Miraglia Simões Barbosa, o Kiko, anunciou o que a maioria não queria ouvir.

O ciclo dourado do Noroeste, possivelmente o mais feliz de todos os seus quase 100 anos de existência, acabou exatamente as 10h44, de 07 de Novembro de 2008, quando o mega-empresário Damião Garcia, com os olhos embotados em lágrimas, anunciou sua renúncia à presidência.

 

Garcia tinha mais dois sonhos tangíveis em outra cidade, talvez, mas não em Bauru: ver o clube na Primeira Divisão do futebol brasileiro, e ter o respaldo financeiro de empresários.

 

Com Damião Garcia saem o vice-presidente, o presidente e o vice-presidente do Conselho Deliberativo, os empresários, respectivamente, João Carlos Bidu de Almeida, Francisco Miraglia Simões Barbosa, o Kiko e Luiz Guilherme Miraglia Barbosa, todos igualmente demissionários.

 

Estatutariamente o secretário do Conselho Deliberativo, o delegado Abel Fernando Marques Abreu, assume a presidência interina com prazo de 30 dias para convocar o CD e promover novas eleições.

 

Ciclo multicolorido

O ciclo de felicidade do Noroeste, e de quem dele participou, durou menos de sete anos, período que tradicionalmente perdura a felicidade plena ou a desgraça extremada.

 

O Noroeste está vivenciando os seus últimos sete anos de “vacas gordas”. Logo começará o de “vacas magras”. Em dezembro, o novo presidente além de ter de montar o time para o Paulistão, em janeiro, terá de pagar férias e 13º aos atletas, funcionários... De onde virá o dinheiro?

 

O Homem que alimentava o sonho de grandeza e materializava o de referência do EC Noroeste, entra agora definitivamente para a História.

 

Daqui pra frente, muito provavelmente a frase “eu era feliz e não sabia” cansará os ouvidos. Dezenas de cidades desesperam-se em busca de um Damião Garcia, de um Caio Coube. Bauru não os valoriza em plenitude.

 

As oligarquias não desejam Caio, que seria a nova liderança.

 

Meia dúzia de torcedores delinqüentes, cronistas rotos, frustrados, obnubilados, vencidos pelo anacronismo... Um ex-presidente perdedor, metido a farolagem em boteco à base de uísque falsificado. Essa meia dúzia de inconseqüentes, sem Família, cansou o herói Damião. Nem com a ajuda espiritual de Cosme, suportaria tanta ofensa, tanta heresia, tanta ingratidão.

 

Sem dívidas

Damião foi embora. Vai deixar o Noroeste zerado, sem dívidas, diferente de como pegou em abril de 2003, à beira da desfiliação, desacreditado, descapitalizado, endividado.

 

Em menos de 60 dias, à época, Damião, o ex-funcionário da Tilibra, na década de 40, pagou mais de 90 ações trabalhistas, metamorfoseou o Noroeste, dando-lhe nova roupagem, resgatando-lhe a dignidade.

 

A menos de dois anos de comemorar o seu centenário, o Noroeste, a partir da renúncia do presidente Damião Garcia, virou uma nau sem comando, em um mar grandioso de incertezas... Que os deuses do futebol não nos deixem também.

 

Erlinton Goulart, especial para o Futebol Bauru

www.futebolbauru.com.br

07/11/08.