Demissão de Vitor não surpreendeu, mas sua recontratação sim

20/10/2009Noroeste

Vitor Hugo, ex-jogador e ex-técnico do Noroeste, assumiu entusiasmado o cargo de gerente de futebol, convidando inclusive empresários a ajudar o clube, entre eles o ex-presidente Cláudio Amantini, com quem aparece na foto.

Não causou surpresa a demissão de Vitor Hugo Ciqueira, mas sim a sua recontratação em 18 de junho passado, após fracassar como técnico no Campeonato Brasileiro Série C em 2007 e entrar com reclamação trabalhista contra o clube em 2003. O presidente Damião Garcia, talvez sensibilizado, com os pedidos para empregar Vitor Hugo o contratou e o demitiu em 9 de outubro último.

 

Vitor Hugo Ciqueira, com C e não com S e também gerente de futebol e não diretor, pois o cargo de diretor não é remunerado e sim o de gerente, foi convidado elegantemente pelo presidente Damião Garcia a deixar o cargo há 15 dias.

 

Vitor Hugo passou então a correr na montagem de um dossiê contra o funcionário Manoel Ferreira Marques, por mais de 30 anos responsável financeiro do clube. Mas segunda-feira passada, por telefone, o presidente ordenou que Vitor Hugo, também ex-zagueiro do Noroeste de 1986 a 88 e em 2000, “pegasse seus pertences e deixasse imediatamente o clube”. Vitor Hugo até agora não mostrou os documentos à Imprensa.

 

Demissão já era certa

Damião que desde 2003 comanda o Noroeste, já queria demitir o gerente antes do jogo contra a Ferroviária, em 20 de setembro, no empate em 1x1 em Araraquara. Foi demovido da ideia.

 

O presidente teria ficado extremamente estarrecido com as suspensões de Vitor Hugo. A primeira, como réu primário, por 30 dias e depois, já como reincidente, por 180 dias, em decisões de uma das três Comissões Disciplinares, do TJD.

 

Veja

http://www.futebolbauru.com.br/noroeste_noticias.php?news_id=1761&acao=ler

 

Vaga no tapetão

Desesperado com a eliminação iminente do time que montou na Copa Paulista, de qualidade técnica duvidosa, o gerente buscou acusar o Rio Preto de ter escalado irregularmente três jogadores, tentando assim no “tapetão” a vaga que o Noroeste perdeu em campo.

 

Incompetente, o time contratado por Vitor Hugo, conseguiu a proeza de empatar, sem gol, com o Catanduvense, em Bauru. Os jogadores do adversário, a maioria com menos de 21 anos, se apresentou apenas na quinta-feira para o jogo no domingo. Treinaram pouco e se lambuzaram com muito churrasco, patrocinado.

 

Enquanto o Mirassol derrotava a Ferroviária, em Mirassol, o Noroeste não conseguia vencer os garotos do Catanduvense. Restava a Vitor Hugo “a desculpa” de recorrer ao nebuloso e anacrônico “tapetão”. Sensato o presidente Damião Garcia não permitiu a denúncia do Noroeste junto ao TJD.

 

O volante Gilmar Fubá que retornou ao Noroeste por vontade do presidente resumiu o óbvio: “time que se preza ganha em campo e não no tapetão. Isso é para tapar o sol com a peneira”, ironizou.

 

Jacó não deu um chute

Vitor Hugo teve total liberdade. Sonhou metamorfosear o Estádio “Alfredo de Castilho”, chegando inclusive a pedir contribuição financeira para alguns empresários, entre eles o ex-presidente Cláudio Amantini, que não deu e João Carlos de Almeida, o João Bidu, atual vice-presidente, que assinou o cheque.

 

Inebriado, quem sabe, pelo poder efêmero, Vitor Hugo contratou 26 atletas, alguns sem condição técnica de disputar sequer o Campeonato Amador de Bauru.

 

Entre os contratados por Vitor Hugo, o volante Jacó, ex-Anápolis (GO) que só vestiu a camisa do Noroeste na apresentação, em 22 de junho. Jacó, lento até para andar, não deu um único chute na bola.

 

Zé Rubens barrou Jacó, e outros contratados, preferindo apostar no volante Juninho e em outros garotos da base, melhores técnica e fisicamente, e também por não aceitar ingerência do gerente na escalação do time foi demitido sumariamente após a segunda rodada da Copa Paulista.

 

Abandonou o time

O técnico Paulo Roberto constrangido com a persuasão do gerente em querer escalar o time, deixou o comando após o jogo em Catanduva, em 16 de agosto, não retornando a Bauru.

 

Paulo Roberto que trabalhou exatos 25 dias no Noroeste chegou a pedir para sair por três vezes, incomodado com “as sugestões para escalar o time”. E também porque Vitor Hugo não lhe dava ouvidos na indicação de jogadores que fazia Paulo Roberto. Vitor assumiu todas as contratações.

 

Alfinete, também “ouviu” sugestões para a formação do time, fez campanha invicta com três vitórias em quatro empates. O técnico, que poderá comandar o time no Campeonato Paulista Série A2, a partir de 13 de janeiro, chegou ao Noroeste com o time já em desespero. Uma semana antes e possivelmente teria conquistado a classificação à segunda fase.

 

Atirando para todos os lados

Vitor Hugo ao oferecer dossiê, de “irregularidades na área financeira”, ao presidente, sexta-feira passada, em Bauru, estava queimando seus últimos cartuchos, ou querendo justificar o injustificável, ou seja, no futebol contra números não há argumentos.

 

Recorda-se que em 2007 no Brasileiro Série C, o Noroeste, sob o comando do então técnico Vitor Hugo, não passou da primeira fase, vencendo apenas um dos seis jogos e com aproveitamento pífio de 33,3%. Os números pareciam encerrar o ciclo Vitor Hugo no Noroeste.

 

Não se sabe, entretanto, qual o motivo considerado pelo presidente Damião para trazer Vitor Hugo de volta. Consta que seus filhos Paulo Garcia e especialmente Roberto Garcia, o Beto, eram contrários pelo fato de Vitor ter acionado o Noroeste na Justiça do Trabalho.

 

Beto, desde a saída do gerente Fábio Ribeiro, o Fabinho, por vontade própria, ao final de 2007, quer trazer João Roberto de Souza, o Beto Souza, que por mais de 17 anos trabalhou no Corinthians e o ano passado atuou como gerente de futebol do Guarani. Talvez agora Beto Souza assuma o Noroeste com poderes plenos, abaixo, claro, do presidente Damião Garcia.

 

Erlinton Goulart, especial para o Futebol Bauru

www.futebolbauru.com.br

20/10/09.

Veja Também