Ali faz piada e disse que não etá morrendo
Muhammad Ali, ex-Cassius Clay, nocauteou George Foreman, no 8º round, em luta épica no Zaire, hoje República do Congo, em 1974. (Foto AP)
Muhammad Ali, ex-Cassius Clay, nocauteou George Foreman, no 8º round, em luta épica no Zaire, hoje República do Congo, em 1974. (Foto AP)
Era 30 de outubro de 1974. Na capital do Zaire, atual República Democrática do Congo, dois dos maiores nomes da história do boxe mundial subiam ao ringue, montado em estádio lotado com 100 mil pessoas, para disputar o cinturão dos pesos-pesados.
Após oito rounds daquela que ficou conhecida como “A luta na selva”, Muhammad Ali nocauteava George Foreman para recuperar o título que havia sido anulado sete anos antes.
Hoje, 40 anos depois, Ali luta contra o avanço do Mal de Parkinson. E, segundo suas filhas, seu estado de saúde é melhor do que informaram as notícias mais recentes.
Estado surpreendente
No início de outubro, Rahman Ali afirmou à Imprensa que o irmão famoso, atualmente com 72 anos, mal conseguia falar, uma das razões que impediu sua presença na pré-estreia do filme “Eu sou Ali”.
Nesta semana, as filhas do ex-pugilista vieram a público para contradizer o tio e dizer que o estado de saúde do pai é até surpreendente diante das projeções anteriores.
Mesmo assim, Ali não comparecerá aos eventos comemorativos do confronto com Foreman nem concederá entrevistas.
“Pegar meu título...”
“Meu pai não se importa de a imprensa falar que ele vai morrer. Às vezes ele olha para mim e diz ‘Eu não estou morrendo’. Eu falo com ele todos os dias e o visito duas ou três vezes por semana. Na última conversa, ele fez piada sobre um retorno. Ele disse: ‘Vou pegar meu título de volta pela quarta vez’. Sempre que o ouço brincando assim, me sinto bem. Ele ainda está ali, o espírito dele é maravilhoso. É o mesmo espírito que venceu aquela luta no Zaire”, disse Hana Ali, em entrevista ao US Today.
Outra das sete filhas de Ali, Rasheda afirmou à reportagem do jornal americano que conversou com o pai recentemente com a ajuda de um aplicativo do celular que permitia que ambos vissem um ao outro. Sua impressão também foi positiva.
“Ele parecia bem, muito bem. Escutei muita gente preocupada que só queria saber como ele estava. Eu gostaria que as pessoas soubessem que, quando o assistiam na televisão, mesmo na época em que ele era Cassius Clay, ele é a mesma pessoa. Ele é engraçado, gosta de contar piadas e brincar com as pessoas. Ele gosta de rir e é a mesma pessoa da qual as pessoas se lembram. Só é mais difícil para ele se comunicar devido ao Parkinson”, destaca.
Luta patrocinada por ditador
Mobutu Sese Seko, presidente do Zaire de
Fã da nobre arte, o ditador escolheu o Estádio Tata Raphael como palco e considerou seu patrocínio ao evento como “um presente ao povo em honra aos homens negros”.
Foreman tinha 25 anos e estava invicto há 40 lutas, tendo em seu cartel vitórias sobre atletas como Joe Frazier, de quem ganhou o título em 1972 e Ken Norton, justamente os únicos a terem derrotado Muhammad Ali até então.
Ali, com 32 anos, tentava recuperar o título que lhe havia sido tomado em 1967, quando foi punido com a proibição de lutar por negar-se a defender os Estados Unidos na Guerra do Vietnã.
Venceu por nocaute
Nos primeiros assaltos, Foreman adotou postura agressiva e massacrou Ali, que se limitava a se esquivar e provocar o rival.
Com o passar do tempo, a estratégia do campeão estava clara. Foreman dava sinais de exaustão, enquanto Ali crescia no ringue.
No oitavo round, Ali acertou em cheio o rosto do adversário, venceu por nocaute e recuperou o cinturão dos pesados.
A luta histórica foi registrada pelos principais jornais do mundo e, anos mais tarde, inspirou o documentário “Quando éramos reis”, de Leon Gast, vencedor do Oscar de 1996 na categoria. Crônicas, livros e especiais de televisão também homenagearam o duelo.
Redação Futebol Bauru
30/10/2014
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