Noroeste perde um de seus maiores ídolos, de todos os tempos
Lorico, no Vasco da Gama
Lorico, em imagem atual
Em julho passado o Noroeste perdeu o defensor Xandú, ídolo nas décadas de 1940 e 50
Da esquerda para a direita: Luís Carlos, Lelo, Marco Antônio, Lorico, Odair e Dé. Abaixo: Rodrigues, Zé Rubens, Amauri Anderson, Mílton e China.
O futebol brasileiro, em especial o Noroeste, perdeu, mais um digno representante de sua arte. Vítima de câncer na próstata, João Farias Filho, o Lorico, faleceu, nesta terça-feira de madrugada, aos 70 anos, em Santos, onde nasceu.
Ex-jogador do Vasco da Gama e da Portuguesa de Desportos, Lorico era um líder nato e um volante com estilo clássico, que mesclava técnica e inteligência na composição do setor. Ao deixar a Portuguesa na década de 1970 foi contratado pelo Noroeste, juntamente com o atacante Rodrigues que virou artilheiro do Noroeste.
Profissionalmente, iniciou a carreira em 1959 defendendo a Portuguesa Santista, mas no ano seguinte já vestia a camisa do Vasco da Gama onde atuou por seis temporadas com destaque, retornando a São Paulo para jogar pela extinta Prudentina, de Presidente Prudente, e de lá para a Portuguesa de Desportos.
Ídolo maior
Pela Portuguesa, jogou até 1973, sempre com a classe costumeira, quando foi contratado pelo Noroeste onde se tornou ídolo maior e inconteste. Lorico que chegou ao Noroeste contratado pelo ex-diretor de futebol Álvaro Lopes e o ex-presidente Inocêncio Medina Garcia, falecidos, tornou-se a referencia do time, dentro e fora de campo.
Em 1974 comandou o time do Noroeste na vitória de 2 a 0 sobre a Ferroviária, em Araraquara, resultado que levou o Noroeste ao acesso. O time venceu com Luís Carlos; China, Tecão, Araújo e Dé; Lorico e Sérgio Moraes (Zé Mário); Jader, Zé Rubens, Rodrigues e Julinho. O técnico era Norberto Lopes, falecido.
Mas foi pelo Botafogo de Ribeirão Preto que Lorico passou a ser visto como um autêntico maestro em campo. Era Lorico quem comandou o time, para muitos o melhor da história do Botafogo, que conquistou o primeiro turno do Campeonato Paulista.
O time tinha nomes como o goleiro paraguaio Aguilera, o ponta-direita Zé Mário, que chegou a ser convocado para treinos visando à Copa de 78, na Argentina, mas faleceu prematuramente vítima de leucemia e o atacante Sócrates, que explodiu defendendo o Corinthians e a Seleção Brasileira, nas Copas de 82, na Espanha e 86, no México.
Contratado em 1976 pelo Botafogo, Lorico pendurou as chuteiras em 1979, fixando residência em Santos, cidade onde nasceu e iniciou a carreira na Portuguesa Santista.
Como Lorico chegou ao Noroeste
Crepúsculo de tarde, o vento soprando naquele final de outono de 1973 no vazio Estádio “Alfredo de Castilho”. Lorico, o maior ídolo de todos os tempos do Noroeste, começava a ser contratado.
“O treino tinha acabado. O ‘seu’ Renga (Armando Renganeschi, técnico) caminhou até a pista onde estávamos Medina, Carioca, Zézinho Julianelli, Bebeto Aprea, Bolão e eu”, lembra o hoje renomado empresário João Bidu, à época o narrador esportivo João Carlos de Almeida.
Segundo João Bidu, “o Carioca disse na roda ‘sei qual o jogador que vai resolver todos os nossos problemas’ e citou Lorico, volante da Portuguesa. O Medina atirou a pasta tipo 007 no chão e gritou espalhafatoso ‘É brincadeira. Acha que a Portuguesa vai liberar o Lorico? Ta brincando’.
Medina, recorda João Bidu “Não sabia que Lorico havia se desentendido com o Oswaldo Teixeira Duarte, presidente da Portuguesa Desportos. Foram para São Paulo no carro do Bebeto Aprea e Teixeira Duarte além de Lorico também liberou o atacante Rodrigues para o Noroeste”.
“Prá castigar Lorico”
Ainda de acordo com João Bidu, que à época era narrador esportivo da Jovem Auri Verde e editor de esportes do Diário de Bauru, “o Teixeira Duarte liberou o Lorico para o Noroeste para castigar o jogador. Imagina, naquela época, trocar a Portuguesa que era time grande pelo Noroeste que era pequeno”.
Assim Lorico veio parar no Noroeste, onde se tornou unanimidade e é o primeiro nome citado em todas as escalações do Noroeste. De contrapeso veio o centroavante Rodrigues, o “cavaco”, apelido que ganhou do comentarista esportivo Ary Gomes, falecido.
Rodrigues foi por mais de três anos artilheiro do Noroeste. Depois de deixar o futebol foi trabalhar na Prefeitura de São Paulo como chefe de garis. Está aposentado e morando em São Paulo.
* - Inocêncio Medina Garcia, presidente; Álvaro Lopes, o Carioca, diretor de futebol; José Julianelli, assistente de futebol; Luiz Carlos Rezende de Oliveira, o Bolão, supervisor (falecidos). Bebeto Aprea, gerente de futebol (mora em Cuiabá MT).
Erlinton Goulart, especial para o Futebol Bauru
21/12/2010.
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